Simplesmente enlouquecedoras, a artista e sua obra, nos mostram que é possível o sim, o Sim para escapar de certa alienação estética, principalmente, colocando-nos a pensar sobre o respeitar a singularidade do outro no produzir artístico. O uso de própria técnica, desenvolvida ao passo que evolui o trabalho, é característica de quem, definitivamente, resolveu perder-se; sendo que perder-se é achar e não se saber o que fazer do que se acha. É estremecer-se em um Sim atordoante, rasgado por uma idiossincrasia infalível, por isso mesmo de beleza insuportável. De modo que, a vertiginosa obra da artista oferece às pessoas uma compreensão súbita dotada de uma incompreensão aguda, pois passível de múltiplas interpretações, possibilita, inclusive, uma visão figurativa do que lhe é abstrato, em níveis diferenciados conforme a criatividade estimulada de cada pessoa; o que deixa explícita a intensa experiência emocional da artista, quando trabalha, de que depois participa o público de modo ativo e interativo, o que constitui o arremate do trabalho em si. Confirma, assim, que o trabalho do artista nunca é só, pois o artista por si só, inevitavelmente, declara-se em relação ao outro, aos outros usuários da linguagem de uma forma de arte, e isso fica evidente no trabalho de Marcieli Pahins Compagnon. Propondo um exercício orgânico de ampliações pluri e supra-sensoriais na infinitude cognitiva de cada pessoa, a artista manifesta-se heterogeneamente dentro de uma homogeneidade do pensamento artístico, do que é, do que não é, e do que pode ser arte. A arte não é um estado cultural, o do bem-estar, do consumo, e até dos privilégios de que já desfrutam minorias afluentes. A arte só o é como o possível, o que pode ser, o que ainda não é, mas está anunciado na obra de Marcieli Compagnon. Distintamente, a artista diligencia, assim, a construção do novo, e não uma mera extensão ao outro do que lhe já é velho. Imerso em um deleitoso conforto visual, o público é levado a diálogos internos abruptos, sobre a relação ciência e arte, novas tecnologias digitais e mudanças na própria cultura, no que é o cultural, no que é o artístico. Com um trabalho de caráter inexaurível, por ser de. E o ponto final faz-se necessário após o “de”, pois ao caminhar em direção a uma consolidação de sua identidade artística, a artista nos coloca frente a uma obra incitável, inegável, inefável.
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DIOGO DUBIELA......................................................
(ESTUDANTE DE CIÊNCIAS SOCIAIS)
Miau
- Marcieli Pahins Compagnon
- São Paulo, SP, Brazil
- "Cada um sabe o quanto de verdade pode suportar" SP (11)72455417 / RS(51) 97355146
"Desde a idade de seis anos eu tinha mania de desenhar a forma dos objetos. Por volta dos cinquenta havia publicado uma infinidade de desenhos, mas tudo que produzi antes dos sessenta não deve ser levado em conta. Aos setenta e três compreendi mais ou menos a estrutura da verdadeira naturaza, as plantas, as árvores, os pássaros, os peixes e os insetos. Em consequência, aos oitenta terei feito ainda mais progresso. Aos noventa penetrarei no mistério das coisas; aos cem, terei decididamente chegado a um grau de maravilhamento - e quando tiver cento e dez anos, para mim , seja um ponto ou uma linha, tudo será vivo." (Katsuhika Hokusai, séc. 18-19)
2 comentários:
Adorei a produção, vou tentar conferir essa preciosidade!:)
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