Não se pode negar que tal qual um arquétipo o “Espelho de Sophia” aflora à cada momento na mente das pessoas de todos os lugares e de todos os tempos, tanto é assim que existe um número eleva-do de pessoas que têm maus presságios, ou até mesmo sentem medo de se mirarem em espelhos refle-tindo algo guardado nas profundezas da mente.
Se nos reportarmos à história dos povos veremos que existe um grande número de superstições ligadas aos reflexos. Os espelhos muitas vezes provocam medo em muitas pessoas, mas também podem desenvolver intenso fascínio, por isto é que eles sempre estiveram presentes em muitos mitos. Desde os primórdios da humanidade as imagens refletidas surpreendem as pessoas gerando-lhes receios, crenças e criando histórias. Todos sabem o quanto uma imagem refletida atrai uma pessoa, normalmente quando em criança ela tende a ficar fitando a própria imagem refletida e imaginando o que está além daquele reflexo e isto é muito significativo, pois, muitas vezes, isto he condiciona estados ampliados de consciência abrindo assim as portas das percepções extrasensoriais. O que acabamos de dizer ocorre mais freqüentemente na infância desde que a maioria de nós, depois de adultos, passa a tratar o espelho como algo comum. Isto acontece em decorrência do processo de se condicionar as crianças a negarem. Assim inibe-se a criança, gera-se nelas um bloqueio de certas capacidades extrasensoriais ao dizer-lhe que aquilo que percebe trata-se apenas de ilusões, pelo que muitas vezes ela é até mesmo repreendida quando falta de algo incomum. Via de regra, não é aceita pelo comum dos a-dultos a capacidade de percepção das realidades que não fazem parte do mundo denso. Desta feita, i-números conhecimentos que afloram na mente infantil, quando na idade adulta são transformadas em fantasias e ilusões. Vale citar Laura Prestupa quando diz: “A familiaridade gera desprezo e o desprezo entorpece as percepções simples, que estão vivas nas mentes das crianças e dos povos não civilizados”. Tendo como base a mente aberta da criança para determinadas.
percepções é que muitos contos tornaram-se clássicos, como, por exemplo, o de “Alice no País das Maravilhas”. Alice penetrava num outro mundo através do espelho.
Se fizermos uma análise veremos que os povos primitivos acreditam que a alma de uma pessoa está sujeita a ficar presa num outro mundo quando a sua imagem é refletida num espelho, por isto é que povos como os zulus, por exemplo, nunca olham para um lago escuro porque acreditam que há seres que lhes roubam os reflexos, provocando-lhes a morte. Mesmo em cultura civilizadas, como por exemplo, as da Grécia e Índia existiam muitas: “superstições” ligadas aos reflexos, inclusive diziam que sonhar com a própria imagem refletida era presságio de morte.
Os povos nativos de todos os continentes normalmente têm muito medo de serem fotografados, pois segundo eles trata-se de um processo capaz de aprisionar. Uma fotografia, para um índio é algo capaz de, retendo o seu reflexo, manter o espírito prisioneiro. Para os nativos o mirar-se num espelho e ver-se a si próprio é perigoso, mas muito mais aquele “reflexo” tornar-se fixo, como acontece com uma fotografia. Segundo alguns sertanistas brasileiros, muitas tribos alegam que a destruição do povo índio tem sido uma conseqüência de muitos deles, especialmente os valorosos guerreiros serem iludidos pelo ho-mem branco que inicialmente os atraem com espelhos e depois lhes dão de presente conseguindo com isto atraí-los e depois aprisiona-los tornando-os vencidos mesmo antes de lutarem.
Na Mitologia Grega vamos encontrar o “Mito de Narciso” que mostra o quanto na Antiga Grécia mistérios eram imputados aos reflexos. O Jovem e belo Narciso ao mirar-se na superfície de um lago foi puxado para as profundezas afogando-se.
É costume bem comum nos meios menos intelectualizados se cobrir os espelhos ou virá-los para a parede, depois da morte de uma pessoa da casa, ou quando algum morador está doente afim de que outras pessoas não venham a ter o mesmo destino.
Também é prática comum se cobrir todos os espelhos da casa durante uma tempestade, pois e-xiste a crença de que eles atraem os raios. Transcrevamos as palavras e Edward Arnold: “Entre a humanidade de todo o mundo havia um receio comum pelos reflexos - tanto na água como quanto discos brilhantes – pelo seu poder de encan-tar a alma. Nos costumes populares antigos, encontramos muitas e variadas medidas de precaução destinadas a proteger dos espelhos a vida embrionária, a criança, ainda não nascida, ou recém-nascida e a sua mãe”. Edward Arnold, em “Etruscans in the Ancient World”. (l960, p. 9). Como conseqüência das experiências vivenciadas por inúmeras pessoas diante de um espelho, gerou-se a idéia da existência de espelhos com propriedades inusitadas, surgindo a idéia da existência de espelhos especiais que são conhecidos como “espelhos mágicos”. Os ocultistas estudaram muito a qualidade dos espelhos conseguindo criar os assim chamados espelhos mágicos
É bem conhecida a História de “A Bela Adormecida” que narra como a rainha cruel indagava a um espelho: “Mágico espelho meu, haverá no mundo alguém mais bonita do que eu?”
Embora existam espelhos preparados especialmente para determinados fins mágicos, queremos dizer que na realidade todos os espelhos podem ser usados de uma forma mágica, desde que eles podem abrir as portas das percepções. O trabalho prático dos Rosacruzes geralmente é realizado diante de um espelho usado como porta de percepções extrasensoriais. Pelo que estamos dizendo, um espelho não pode ser considerado como um simples objeto no qual a pessoa vê sua própria face ou mesmos como simples objeto decorativo. Eles têm poderes mágicos implícitos, por isto não é sem razão que entre os instrumentos de trabalho de um mago nunca faltam espelhos. Mas não é somente o trabalho de magia que envolve espelhos. Atualmente está ressurgindo com grande intensidade uma arte chinesa denominada Feng Shui. Trata-se de um sistema de harmonização das pessoas com o ambiente. Na decoração das casas, segundo os princípios do Feng Shui os espelhos em que ser considerados a sério desde que podem utilizados a fim de desviar a energia chi (Qi), ou ca-nalizá-la em determinados sentidos. O uso indevido de um espelho numa casa, segundo o que ensina o Feng Shui, pode determinar grandes desarmonias em decorrência de perturbações determinadas pelo fluir inadequadamente da energia Qi e causado por algum desvio inconveniente por ele provocado. Um espelho, portanto, deve ser colocado numa parede sabendo-se alguns princípios do Feng, do contrário está sujeito a surgirem problemas, inclusive de saúde. Um espelho, portanto, pode numa casa ser ou não ser benéfico.
Todos os espelhos, portanto, podem ser considerados objetos mágicos desde que podem atuar como portas interdimensionais. Por esta razão, independentemente de haver ou sido preparados segun-do os princípios da magia, desde tempos imemoriais eles têm sido usados para adivinhação , comunica-ção espiritual, viagem astral e projeção da consciência, etc.
Desde remota Antigüidade o espelho é usado para impedir ataques astrais. Sabemos que esse poder que os espelhos têm de impedir que a pessoa seja atingida por forças a nível astral, ele tem sido bem utilizado como meio de proteção do corpo bioplasmático. Na realidade muitas vezes nem é preciso a presença física do espelho para proteger uma pessoa de um ataque ao corpo bioplasmático, basta que ela se visualize como se a sua pele estivesse espelhada e conseqüentemente refletindo tudo o que lhe atingir. Segundo alguns princípios ensinados pela confraria esse tipo de visualização torna perigoso uma pessoa transmitir males a outrem, pois se esta estiver guarnecida da forma que mencionamos o mal é refletido e voltará exatamente para origem. Neste caso se o emissor não estiver devidamente guarnecido inexoravelmente ele será atingido pelo que enviou. Assim tratar-se-ia de uma forma de vingança, o olho por olho e o dente por dente. Por esta razão é que um mago evoluído prefere utilizar-se de um daqueles outros meios de proteção do corpo bioplasmático (Tema 266) Alguns povos da América Central herdaram dos Aztecas o costume de se colocar atrás da porta de entrada da casa um copo com água e por cima dele uma faca, para que um feiticeiro em projeção as-tral não consiga entrar e fuja por ver na superfície liquida a sua imagem refletida e trespassada pela faca. “Sonhar com espelho segundo a análise junguiana, tem a ver com a realidade objetiva do so-nhador, significando uma verdade que a pessoa não suporta encarar quando consciente”- Laura Prestuba.
O apóstolo Paulo, em II Coríntios 3:28 diz: “Mas todos nós, com cara descoberta refletindo, como um espelho, a glória do Senhor somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espirito do Senhor”.
Vejamos a citação de Laura Prestuba: “Encontramos também no Cap. XXXXVI, da Seção 8, a Universiti Books (Nova Iorque, p. 489, de E. Budge, a constatação de que os espelhos mágicos eram, e são até hoje, feitos de recipientes cheios de água clara, retirada de um poço ou rio”. O espelho funciona 10% no mundo material e o restante no mundo não físico.
Em palestra futura veremos muitos aspectos interessantes no tocante aos espelhos, sua impor-tância e explicaremos o porquê do poder dos espelhos. Agora queremos dizer que o poder dos espelhos não representa na verdade um poder intrínseco, algo inerente ao próprio espelho, mas a algo que está fora deles, especialmente na mente das pessoas em decorrência de um forte apelo arquetípico.